É noite de Natal e a cheff de cozinha Myriam Belinky está em casa, preparando um cheesecake. A sobremesa, conta, não tem nada a ver com a festa que está para ser celebrada pela maioria dos natalenses. Vinda de uma família de judeus russos, Myriam não comemora o Natal. No máximo aparece na casa de algum amigo porque gosta de festa, independente de qual seja.
Conversando com ela, tentamos entender como é comemorado o Hanukkah (em português, Chanuká), o tido como “Natal dos judeus”, e descobrimos que ele em nada se parece com o feriado cristão. Isto exceto, claro, pela troca de presentes comum a ambas as datas. Em primeiro lugar, o Hanukkah não é comemorado em dezembro, tal qual o Natal.
A data da festa é “móvel”, uma vez que o calendário judaico é lunar, diferente do nosso, que é solar. Enquanto o calendário antigo dependia da maturação da colheita, no entanto, agora foi criado em Israel um calendário com base lunar, mas que se ajusta pelo ano solar. A alternativa veio como forma de não confundir quem viesse de fora do país.
Na verdade, desde que chegou a Natal, Myriam diz que não comemorou o Hanukkah. “Eu sou meio vira lata ". E acrescenta: "Você não precisa gritar para que te ouçam, pode falar baixinho". Os tempos em que se dedicou mais às comemorações tradicionais judaicas, conta, foi a época em que passou morando em um kibutz em Israel. Lá, por ser uma comunidade agrícola, havia ainda maior aproximação com algumas das tradições, como a chamada Festa da Colheita.
De fato, muito da cultura hebraica gira em torno da prosperidade e do amadurecimento dos grãos. O próprio calendário antigo se baseia no tempo de colher e semear.
O Hanukkah, então, começa no dia 25 de Kislev – o que normalmente coincide com o mês de novembro. É a chamada “Festa das Luzes” e tem duração de oito dias. Durante esse tempo, os judeus acendem, a cada dia, uma vela de uma menorah (espécie de candelabro) de oito braços, e trocam presentes.
“Nessa ocasião, é comemorada a vitória dos macabeus contra os governantes da Palestina que tinham profanado o templo e impuseram a religião helenística aos judeus”, Myrian explica. Ela fala ainda sobre a história que levou aos oito dias de festa. Conta-se que, na retomada do templo, tentou-se reacender uma menorah de sete braços como símbolo da fé judaica, mas, ao fazê-lo, os fiéis encontraram apenas um pequeno jarro contendo azeite puro. Milagrosamente, o óleo teria durado oito dias, tempo suficiente para o preparo de mais óleo.
Como gastrônoma, Myriam diz que o óleo reflete até mesmo nas comidas típicas referentes à data. Apesar dela ser muito diversificada, dependendo do país onde o Hanukkah é celebrado, as frituras são quase senso comum dentre os pratos típicos. Os judeus italianos, por exemplo, costumam comer pedaços de galinha envoltos em massa e fritos em grande quantidade de óleo. Já os marroquinos se servem também de galinha frita ao invés de ensopada.
Os ashkenazim - judeus naturais, em sua maioria, da França e da Alemanha – preparam Latkes, uma espécie de bolinho frito com batata ralada. Já os sepharadim – de Portugal e da Espanha – dão preferência a frituras embebidas de caldas doces e espessas. Em Israel, por outro lado, é comum comer Sufganiyoth, sonhos fritos recheados com geleia.
“Na Rússia normalmente se faz pratos com queijo”, Myriam afirma, mas não sem confessar sua preferência pelos guefilte fish (bolinhos de peixe) e pelo borscht (sopa de beterraba) na cozinha judaica. E preparando um cheesecake, ri. “Foi apenas coincidência”.
Fonte: http://www.nominuto.com/
Conheça mais sobre esta festa: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chanuc%C3%A1
Que Deus abençoe todos os Judeus neste mês!
Shalom!
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