Thomas Ice
Em seu livro A Place Among The Nations: Israel and the World
[Um Lugar Entre as Nações: Israel e o Mundo], [o ex-primeiro-ministro
israelense] Benjamin Netanyahu identifica o americano William Eugene Blackstone
como um dos exemplos mais notáveis de cristão sionista. Netanyahu
comenta que “tal atividade cristã precede o moderno Movimento Sionista
em, pelo menos, meio século”.[1] (Na realidade, há registro de Sionismo
Cristão já no fim de 1500 na Inglaterra).[2] Os primeiros cristãos
sionistas eram conhecidos como restauracionistas, visto que desejavam
uma restauração dos judeus à terra de Israel . O nome de William
Blackstone é muito estimado pelos judeus sionistas, a ponto do Estado de
Israel ter dado o nome de Blackstone a um bosque, a fim de homenageá-lo
pelos esforços iniciais para influenciar outras pessoas em favor da
reconstituição da nação de Israel .
O Começo do Movimento Com Blackstone
Blackstone
nasceu em Adams, Estado de Nova York, no ano de 1841 e foi criado num
ambiente familiar de metodistas fervorosos, onde se tornou crente em
Cristo com onze anos de idade.[3] Quando se casou, Blackstone mudou-se
para Oak Park, Estado de Illinois, na região de Chicago, e foi muito bem
sucedido como homem de negócios, tornando-se um magnata do ramo
imobiliário. “Em 1878, ele participou da Conferência de Niagara, cujo
tema era o retorno dos judeus à Palestina, na qual decidiu tornar-se um
corajoso restauracionista”.[4] Apesar de ser metodista, passou a
empreender esforços em prol do restabelecimento do Estado de Israel,
motivado por sua visão dispensacionalista da profecia bíblica.
“Blackstone passou a ser um colaborador pessoal de líderes
pré-milenistas, tais como, D. L. Moody, James H. Brookes e Horatio
Spafford, este que, por fim, fundou a colônia americana em
Jerusalém”.[5]
Blackstone,
um incansável estudioso autodidata da Bíblia e da teologia, continuou a
desenvolver seu interesse por aquilo que a Bíblia ensina acerca de
Israel . À semelhança de muitos crentes em Cristo que possuem esse mesmo
interesse, foi levado a empreender esforços para pregar o Evangelho ao
povo judeu. Em 1887, fundou a Chicago Hebrew Mission [Missão Hebraica de
Chicago] que está ativa até hoje. Ao longo de sua vida, Blackstone
combinou sua postura pró-sionista com seus esforços contínuos de ganhar o
povo judeu para Cristo.
Em 1908, Blackstone publicou o livro Jesus is Coming
[Jesus Está Voltando], que se tornou um best-seller com a venda de mais
de um milhão de cópias em três edições e foi “traduzido para trinta e
seis idiomas”.[6] “É provável que em sua época não tenha havido um
expositor dispensacionalista da Bíblia mais aclamado pelo público do que
ele”.[7] Blackstone pode ser considerado o Hal Lindsey daquele tempo.
O Sionismo Cristão de Blackstone
Embora
seja amplamente conhecido na história do evangelicalismo por diversos
feitos, Blackstone é mais conhecido por sua incansável atividade em prol
do restabelecimento da nação judaica em Israel . Sem dúvida alguma,
Blackstone foi o principal líder sionista de seu tempo. Timothy Weber
faz o seguinte comentário sobre Blackstone e o dispensacionalismo:
Os
dispensacionalistas, na sua maioria, ficaram satisfeitos em ser meros
observadores do movimento sionista. Eles ficaram atentos ao movimento e o
analisaram; pronunciaram-se em favor dele. Mas, em termos políticos,
raramente se envolveram para promover seus objetivos. Entretanto, há uma
exceção a essa regra na pessoa de William E. Blackstone, um dos
escritores dispensacionalistas mais estimados de sua época.[8]
No
que diz respeito à restauração dos judeus à sua terra natal, Blackstone
diz em seu livro: “Talvez você diga: ‘eu não creio que os israelitas
devam retornar à terra de Canaã, nem creio que Jerusalém deva ser
reconstruída’. Meu caro leitor, você já leu as declarações da Palavra de
Deus sobre esse assunto? Certamente não existe nada que tenha sido
afirmado com mais clareza nas Escrituras do que isso”.[9] Após fazer tal
declaração, as próximas quatorze páginas que ele escreveu praticamente
só contêm citações das Escrituras que fundamentam sua convicção. Então
ele conclui: “Poderíamos ter enchido um livro inteiro com explicações
sobre a maneira pela qual Israel será restaurado à sua terra, mas nosso
único desejo era o de demonstrar o fato inquestionável da profecia, fato
esse que está intimamente relacionado com a aparição de nosso Senhor e
que, segundo cremos, cumprir-se-á plenamente”.[10]
Por
volta de 1891, o ativista Blackstone organizou um abaixo-assinado
endossado por 413 proeminentes cidadãos americanos e enviou esse
documento ao presidente Benjamin Harrison defendendo o restabelecimento
dos judeus que estavam sendo perseguidos na Rússia numa nova terra
natal, então chamada de Palestina.[11] Segue abaixo um trecho daquela
petição:
Por
que não lhes devolver a Palestina? De acordo com a distribuição das
nações feita por Deus, a Palestina é a sua terra natal — uma possessão
inalienável da qual eles foram expulsos a força. Quando eles a
cultivavam, era uma terra extraordinariamente frutífera que sustentava
milhões de israelitas; eles diligentemente lavravam suas encostas e
vales. Eram agricultores e produtores, bem como se constituíam numa
nação de grande importância comercial — o centro da civilização e da
religião [...] Cremos que este é o momento adequado para que todas as
nações, principalmente as nações cristãs da Europa, demonstrem
benevolência para com Israel. Um milhão de exilados que, devido ao seu
terrível sofrimento, imploram, de forma comovente, a nossa compaixão,
justiça e humanidade. Restauremos-lhes agora a terra da qual eles tão
cruelmente foram despojados por nossos ancestrais romanos.[12]
Blackstone
esclareceu: “Cerca de 2 milhões de judeus da Rússia apelam em condições
deploráveis por nossa compaixão, justiça e humanidade, desesperados por
um lugar de refúgio na Palestina”.[13] Carl Ehle faz a seguinte
descrição dos signatários:
Entre
os 413 signatários alistados por suas respectivas cidades — Chicago,
Boston, Nova York, Filadélfia, Baltimore e Washington — estavam os
formadores de opinião da época: editores e/ou redatores dos principais
jornais e periódicos evangélicos (no mínimo, um total de noventa e três
jornais representados), os prefeitos de Chicago, Boston, Nova York,
Filadélfia e Baltimore, dentre outras autoridades, os principais
clérigos e rabinos, grandes empresários, T. B. Reed (presidente da
Assembléia Legislativa), Robert R. Hitt (presidente da Comissão de
Relações Exteriores da Câmara) e William McKinley, de Ohio, o qual mais
tarde se tornou presidente.[14]
Webber
salienta: “Embora a petição tenha recebido muita cobertura da imprensa,
o presidente Harrison e seu secretário de Estado praticamente ignoraram
aquele documento; além disso, a pequena atenção que o documento recebeu
na esfera diplomática dissipou-se rapidamente”.[15] Apesar de ter
conseguido pouco na área política, foi dito que a petição de Blackstone
exerceu um impacto estimulante em toda a sociedade americana. A petição
ganhou ampla cobertura dos jornais, gerando muita discussão e adesão
pública. Ela despertou grande interesse entre os todos os judeus.[16]
Blackstone desejava que o presidente convocasse uma conferência
internacional de chefes de Estado, principalmente os europeus, a fim de
usarem sua influência para constituir o novo Estado Judeu. Blackstone
argumentou da seguinte maneira: “A ninguém [...] a nenhum mortal, desde
os dias de Ciro, rei da Pérsia, foi concedida tamanha oportunidade
privilegiada de propiciar o cumprimento dos propósitos de Deus relativos
ao Seu antigo povo”.[17]
Em
1916, Blackstone fez um apelo semelhante ao presidente Woodrow Wilson,
filho de um pastor presbiteriano que se tornara cristão sionista,
solicitação essa que influenciou o presidente americano a se mostrar
favorável à Declaração Balfour em 1917.[18] Essa declaração foi assinada
praticamente nos mesmos termos da primeira petição de Blackstone. Oren
chega à seguinte conclusão: “Como sempre aconteceu na experiência
histórica dos Estados Unidos com o Oriente Médio, a fé de um homem
provou ser o sonho de outro, enquanto a política era determinada pelo
poder governamental”.[19]
O Relacionamento Com os Judeus
Embora
Blackstone tenha atuado incansavelmente como um cristão sionista, nunca
perdeu seu ardor pela evangelização dos judeus. “Em 1890 ele organizou e
presidiu a primeira conferência para cristãos e judeus em Chicago”.[20]
Hoje em dia, eventos assim são comuns, mas na época de Blackstone nunca
se ouvira falar, até então, de conferências dessa natureza. Blackstone
aproveitou a ocasião para promover o tema da restauração dos judeus à
terra de Israel, com a inclusão de alguns argumentos que comprovavam ser
Jesus o Messias. Os judeus “sionistas gostavam de Blackstone e
confiavam nele”,[21] apesar das suas freqüentes tentativas de
evangelizá-los. Um exemplo típico de iniciativa de evangelização tomada
ao longo de sua vida é a que ocorreu “em 1918, por ocasião de um
ajuntamento sionista em massa na cidade de Los Angeles, quando
Blackstone teve a petulância de fazer um apelo de púlpito”,[22]
convidando sua audiência de centenas de judeus a que viesse à frente e
aceitasse Jesus como seu Messias. A despeito de tais tentativas, ele
continuava a ser muito amado dentro da comunidade judaica.
Blackstone
queria deixar um legado de evangelização para o povo judeu, de modo que
pudesse contribuir para a salvação dele após o Arrebatamento da Igreja.
Ele produziu e distribuiu material explicativo a fim de que os judeus
soubessem como poderiam ser salvos depois que o Arrebatamento
acontecesse.[23] Houve ocasião em que Blackstone chegou a ter centenas
de Novos Testamentos impressos em hebraico, os quais foram levados para
Petra [na atual Jordânia] e lá estocados a fim de que o remanescente
judeu pudesse conhecer o caminho da salvação durante o tempo da Grande
Tribulação.
Conclusão
Não
é de se admirar que “a Conferência Sionista de 1918, realizada em
Filadélfia, tenha aclamado Blackstone como o ‘Pai do Sionismo’ e que em
1956, por ocasião do septuagésimo quinto aniversário de sua petição ao
presidente Harrison, os cidadãos do Estado de Israel tenham homenageado
Blackstone, dando seu nome a um bosque”.[24] Blackstone passou o resto
de sua vida, até a sua morte em 1935, a serviço da causa que amava.
Embora tenha ficado muito empolgado com os desdobramentos da Declaração
Balfour em 1917 e com o Mandato Britânico na Palestina após a Primeira
Guerra Mundial, ele morreu frustrado pelo fato de que Israel, até então,
ainda não tinha se tornado uma nação em sua terra. Entretanto, o sonho
dele tornou-se realidade treze anos mais tarde. William Blackstone é um
modelo inspirador, um exemplo para os crentes em Cristo, de alguém que
apóia ardentemente Israel, enquanto busca, ao mesmo tempo, ganhar o povo
judeu para Cristo. Maranata! (Pre-Trib Perspectives — http://www.beth-shalom.com.br)
Thomas
Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Research Center em Lynchburg, VA
(EUA). Ele é autor de muitos livros e um dos editores da Bíblia de
Estudo Profética.
Notas:
1. Benjamin Netanyahu, A Place Among The Nations: Israel and the World, Nova York: Bantam, 1993, p. 16.
2.
Para uma visão geral de toda a história do Sionismo Cristão, veja o
artigo intitulado “Lovers of Zion: A History of Christian Zionism”, de
autoria de Thoma Ice, em www.pre-trib.org/article-view.php?id=295.
3.
Timothy P. Weber, On the Road to Armageddon: How Evangelicals Became
Israel’s Best Friend, Grand Rapids: Baker Academic, 2004, p. 102.
4.
Michael B. Oren, Power, Faith, and Fantasy: America in the Middle East
1776 to the Present, Nova York: W. W. Norton & Company, 2007, p.
278.
5. Weber, On the Road to Armageddon, p. 102.
6. Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 278.
7. Weber, On the Road to Armageddon, p. 103.
8. Weber, On the Road to Armageddon, p. 102.
9. William E. Blackstone, Jesus is Coming, 3ª edição, Nova York: Fleming H. Revell, 1932, p. 162.
10. Blackstone, Jesus is Coming, p. 176.
11.
Carl F. Ehle, Jr., “Prolegomena to Christian Zionism in America: The
View of Increase Mather and William E. Blackstone Concerning the
Doctrine of the Restoration of Israel”, dissertação para obtenção do
grau de Ph.D. apresentada à New York University, 1977, p. 240-44.
12. Ehle, “Prolegomena”, p. 241-42.
13. Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 278.
14. Ehle, “Prolegomena”, p. 242-43.
15. Weber, On the Road to Armageddon, p. 105.
16. Ehle, “Prolegomena”, p. 243.
17. Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 278.
18. Ehle, “Prolegomena”, p. 290-93.
19. Oren, Power, Faith, and Fantasy, p. 279.
20. Weber, On the Road to Armageddon, p. 103.
21. Weber, On the Road to Armageddon, p. 106.
22. Weber, On the Road to Armageddon, p. 112.
23. Weber, On the Road to Armageddon, p. 105.
24. Weber, On the Road to Armageddon, p. 106.
Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, novembro de 2007.
Divulgação: www.juliosevero.comMais sobre William E. Blackstone (em inglês): http://en.wikipedia.org/wiki/William_Eugene_Blackstone
Assim como ele, nós também devemos lutar por Israel!
Salve Jerusalém assinando esta petitição (em inglês): http://unitedwithisrael.org/declaration/
Presentes de Jerusalém (em inglês): http://www.jerusalemmint.com/
Doação (em inglês): https://jerusalemprayerteam.org/matching-gifts.asp
Mais informações sobre Jerusalém (em inglês e português): http://jerusalemprayerteam.org/email/2012/0501-2.htm / http://pt.wikipedia.org/wiki/Jerusal%C3%A9m
Como Cristãos, é nosso dever ajudar Israel!
Deus abençoe Israel e os Cristãos!
Shalom!
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