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quarta-feira, 1 de junho de 2011

É Fato, Não Opinião: Netanyahu Não Rejeitou Plano de Paz Nenhum de Obama Porque Não Havia Plano de Paz a Rejeitar

Vamos botar as coisas no seu devido lugar, independentemente da opinião que se tenha sobre a tese de Barack Obama, segundo a qual as fronteiras de Israel devem voltar a 1967, antes da Guerra dos Seis Dias. Eu estou, por exemplo, entre aqueles que acham que isso não vai acontecer. No máximo, seria preciso trocar os assentamentos da Cisjordânia por extensões correspondentes de terra. Mas reitero: não vou entrar nesse mérito agora. Vamos aos fatos.
Obama expressou seu ponto de vista no discurso de ontem, um dia antes de se encontrar com Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Digamos que não chegou a ser, assim, uma decisão muito sábia, mas quem nasceu destinado a fazer discursos que a imprensa sempre considera “históricos” — às vezes, antes mesmo que sejam pronunciados — pode falar qualquer coisa. Adiante.
Nem o presidente Barack Obama chamou a sua opinião de “plano de paz”. Aliás, digam-me uma só liderança palestina que tenha feito ou pudesse fizer o mesmo. Afinal, que plano seria esse que, segundo o próprio presidente, deixaria para depois questões simples como a volta dos “refugiados” e o destino de Jerusalém. Que plano seria esse que, segundo o próprio Obama, não contempla a militância do Hamas, que acaba de fazer um acordo com a Fatah?
Netanyahu esteve com Obama e afirmou que voltar às fronteiras de 1967 fragilizaria a segurança de Israel e que a negociação com a Autoridade Nacional Palestina, com o Hamas, é impossível. Vamos ver: que Barack Obama não tenha apresentado um plano de paz — coisa que não se faz num mero discurso — não é uma questão de opinião, mas de fato. Afirmar que Netanyahu recusou “proposta de paz” de Obama é simplesmente um erro.
Agora vamos ao que é, sim, opinião, que considero pautada pela lógica, mas opinião: nos termos em que a sugestão foi tornada pública, a única coisa razoável que Netanyahu tinha a fazer era dizer “não”. Queriam o quê? O governo israelense negociando com uma facção que tem como ponto central de seu estatuto a destruição de Israel? E que age segundo esses estatutos?  Aí alguém dirá: “Ah, mas aquilo não pode ser levado muito a sério…” Não? Qual é a proposta? Que os israelenses não levem a sério aquilo que o Hamas diz de si mesmo — e, sobretudo, faz?
Bem, ao debate etc e tal. Reitero o fato: Netanyahu não rejeitou plano de paz nenhum de Obama porque não havia plano de paz a rejeitar.
Por Reinaldo Azevedo
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

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